Maneiras que o idioma afeta como você pensa

A maioria dos linguistas concorda que, até certo ponto, os idiomas que você fala tem o importante papel de moldar como você enxerga o mundo. Se você fala Alemão, talvez seja mais pragmático; Se você fala Francês, você talvez seja um pouco emotivo; Se você fala Klingon ou qualquer língua tirada do Senhor dos Anéis, você muito provavelmente será virgem eternamente. Mas você pode surpreender-se com como o cérebro age diferente dependendo se você pensa em Japonês, Inglês ou Somali. Por Exemplo…


Línguas com diferença de Gênero encorajam discriminação

Talvez sejam feitos na Mercedes-Petz

Falantes de Inglês frequentemente se confundem com artigos que definem gênero nas línguas estrangeiras. Em Alemão, por exemplo, existem três diferentes palavras para “the” dependendo se o objeto em questão é masculino (“der)”, feminino (“die”), ou neutro (“das”). Na Alemanha todos cachorros são masculinos e todos os gatos são femininos. Não nos pergunte como eles continuam fazendo mais cães e gatos.

Agora, você pode não achar que identificar todas as pontes como sendo feminino (“die brucke”) não teria nada demais para os falantes de Alemão, mas aparentemente as pontes são consideradas femininas pois as pessoas passam por cima delas, e sim – sociedades onde línguas com diferenciação de gênero são faladas normalmente tendem a ser dominadas pelos homens. Além disso, tal efeito aumenta com o número de maneiras de diferenciar gêneros presentes na língua.

Entende-se que ser forçado a designar um gênero para cada objeto dá maior importância, na cabeça do falante, para o gênero do que se estivessem usando um idioma neutro. Em países onde a língua dominante usa um sistema de identificação por gênero, a participação feminina no mercado de trabalho cai aproximadamente 12% se comparados com outros países.

Pensar em uma língua estrangeira te força a fazer melhores decisões

A maior parte de nós não pensa inteiramente em palavras. Pensamentos constumam ser uma mistura de noções, imagens e ideias que vão passando através de nossas sinapses. Por isso, é fácil que seus monólogos acabem se tornando conceitos irracionais, estereótipos, ou citações de filmes e séries. Mas pesquisadores da Universidade de Chicago encontraram um antídoto simples para essa perda de foco. Digamos que você se encontra indeciso entre pagar seu aluguel esse mês ou comprar todos os bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco da década de 1980. Fazer a escolha mais lógica é fácil, basta tentar pensar em uma língua estrangeira.

Em uma série de estudos, os pesquisadores testaram vários falantes de Inglês que sabiam falar Japonês como segunda língua. Eles deram aos participantes um quebra-cabeças ético: havia uma doença que poderia matar 600.000 pessoas. É melhor desenvolver um antídoto que salve garantidamente 200.000 pessoas, ou um que tem um terço de chances de salvar todos mas dois terços de chance de não ter efeito algum? A maioria escolheu a primeira opção, menos risco envolvido.

Mas quando foi feita outra pergunta: Seria melhor desenvolver um antídoto que mataria 400.000 pessoas, ou um que tem dois terços de chance de matar todos mas um terço de chance de não matar ninguém? Nesse caso, a maioria fez a única escolha lógica: Matar o Batman.

Aaargh, matemática é tão confuso...
Aaargh, matemática é tão difícil… dois terços do que??

Não, espere… Eles escolheram salvar todo mundo.

Se você parar para pensar, as duas foram exatamente a mesma pergunta. A diferença estava no que foi destacado, instintivamente somos menos inclinados a escolher riscos quando se trata de salvar pessoas, e não matá-las. Emoção e instinto entram no caminho e não nos deixam pensar na questão racionalmente.

Então os pesquisadores apresentaram o problema uma segunda vez – em Japonês. O resultado? O número de pessoas que escoheu a “opção segura” caiu aproximadamente 40%. Simplesmente porque dessa vez tiveram que pensar em uma língua estrangeira. Acontece que traduzir os pensamentos em uma segunda língua acaba forçando a se focar no lado frio, analítico, e não no chorão emotivo habitual.